Clássicos da Música Popular Brasileira alçados ao lugar de onde não deveriam ter saído: a eternidade

It Might As Well Be Spring
Elenco 1965 – Dubas, 2004
Em 2004, por ocasião do relançamento em CD de It might as well be spring, LP de Sylvia Telles produzido pela gravadora americana Kapp Records e pela Elenco em 1965, a dupla Dubas/6D teve a oportunidade de trabalhar com uma de suas grandes referências: Cesar G. Villela, mestre brasileiro da arte da capa de discos, reconhecido por seu trabalho na década de 60 para a gravadora Elenco, foi convidado para participar do projeto gráfico dessa reedição. Cesar, em função das “novas orientações estéticas” que fora obrigado a seguir na época, não ficara satisfeito com o resultado da capa de 1965. O procedimento utilizado no novo layout foi sui generis: pequenos recortes de papel que, combinados manualmente, ganharam vida a partir de uma foto inédita cedida por Cláudia Telles, filha da cantora. Assim, quase quatro décadas depois, o perfeccionista designer não só concordou com a mudança da capa, como participou da criação junto aos “6Ds” Beto Martins e Emílio Rangel. Eles utilizaram alguns dos elementos visuais do LP da Elenco misturando arte final da época – Villela fez tudo na mão, desenho, recorte, cola… – e computação gráfica.

Travessia
Ritmos/Codil, 1967 – Dubas, 2002
O encontro de Milton Nascimento com os arranjos de Luiz Eça faz de Travessia um álbum definitivo e eternamente moderno. Além dos comentários do próprio Milton e um prefácio escrito por Caetano Veloso, o relançamento em CD resgatou o depoimento de Edu Lobo presente no LP original: “E hoje Milton com seu disco pronto, com os arranjos de Luizinho Eça, tudo igualzinho ao seu sonho lá em Três Pontas. Hoje, Milton, dono de seu som, do seu violão, da sua voz, sem pressa de grandes sucessos, continua ouvindo e admirando Tom Jobim, João, Luizinho, Dori Caymmi e Marcos Valle e achando que o estudo é o seu único caminho, o caminho de sua música. Sua música bonita, séria, tranquila, como ele – a música de Milton Nascimento.”

Terra dos Pássaros
Toninho Horta e Ronaldo Bastos, 1979 – Dubas, 2008
Um dos maiores músicos do mundo, ídolo de uma legião de violonistas, guitarristas e compositores, o mineiro Toninho Horta estava, em 1976, gravando com Milton Nascimento em um estúdio em Los Angeles, quando Milton ofereceu o que havia sobrado de fitas e horas de estúdio para o amigo. Uma oportunidade única para dar início ao que viria a ser o seu primeiro trabalho solo. Oportunidade que Toninho não desperdiçou, logo convidando Ronaldo Bastos para ajudá-lo na produção. Nascia “Terra dos Pássaros”, assim batizado em homenagem de Toninho à sua guitarra Gibson modelo Birdland. Algumas seções de gravação foram realizadas ainda em Los Angeles e, ao longo dos anos seguintes, em diferentes estúdios entre São Paulo e Rio de Janeiro. O álbum apenas seria concluído em 1979. Terra dos Pássaros é referência para muitas gerações, reunindo clássicos do repertório do compositor e a participação de artistas como Airto Moreira, Raul de Souza, Wagner Tiso, Nivaldo Ornelas e de Milton Nascimento, entre outros.

Feito Para Ouvir
Phonogram/Philips, 1977 – Dubas, 2009
Gravado no Rio de Janeiro em 1977, “Feito Para Ouvir”, terceiro disco de carreira de Emílio Santiago é uma obra-prima da discografia da moderna música brasileira. Nele, o então jovem cantor confirmava seu talento e versatilidade, interpretando de forma sensível e natural um repertório primoroso. Canções consagradas nos clubes noturnos dos anos 50 e 60 e composições contemporâneas dos anos 70 brilham na voz de Emílio, com arranjos ao mesmo tempo modernos e intimistas, executados com maestria pelos músicos excepcionais que o acompanhavam na noite carioca. Um cantor chiquérrimo em início de carreira.

A Bossa Negra
Odeon, 1961 – Dubas, 2003
Em 1961, ser bossa nova era mole. Difícil, na vida e na música, era ter bossa e ser negra. Com ficha técnica completa, depoimentos e um texto do jornalista Paulo Roberto Pires, a versão em CD lançada em 2003 evidencia o rigor que sempre pautou as reedições da Dubas. A pedido da própria Elza Soares, uma nova capa foi produzida para esta edição.

A Bad Donato
Blue Thumb, 1970 – Dubas, 2004
Em 1970, João Donato, um dos maiores pianistas e compositores da Bossa Nova, gravou em Los Angeles um disco único em sua carreira, experimentando novas sonoridades numa fusão de música brasileira com jazz, funk, rock e música eletrônica. Donato contou com a participação de músicos excepcionais como Bud Shank, Ernie Watts, Bill Hood, Emil Richards, os brasileiros Dom Um Romão e Oscar Castro Neves e arranjos em parceria com Eumir Deodato. Em 2004, a Dubas lançou a primeira edição em CD de “A Bad Donato”, remasterizada e com depoimento exclusivo do artista.

O Som
1964 – Dubas, 2002
J.T. Meirelles despontou no mundo musical, em 1963, como criador dos geniais arranjos do disco de estreia de Jorge Ben, do qual foi igualmente bandleader, plantando uma das sementes do que viria a ser conhecido como samba-jazz. Ao longo dessa década, seu conjunto Meirelles e Os Copa 5 destacou-se no vibrante cenário do Beco das Garrafas, em Copacabana, e produziu pérolas ainda hoje cultuadas no mundo inteiro. “O Som”, de 1964, é o instante em que o samba-jazz diz ao que veio, apresentando seis composições gravadas de um só folego, em uma sessão calibrada com muita energia. Remasterizada a partir das fitas originais, a edição da Dubas em CD inclui, além dos textos do vinil, novos comentários do autor, fotos inéditas e faixas bônus. O mesmo vale para o “O Novo Som”, que, gravado originalmente em 1964, recria sambas e clássicos da bossa nova, transformando-se em standards instrumentais. A reedição traz o clássico “O Barquinho” como faixa-bônus.