Na gastronomia, harmonização é um conjunto de técnicas que tem como objetivo potencializar a percepção de sabores. Um jogo de combinações em favor dos sentidos. Geralmente, a busca gira em torno da parceria perfeita entre um tipo de bebida e um tipo de alimento. Mas por que não incluir música? Alguns restaurantes preparam ambientes musicais pensados não apenas para combinar com o clima desejado, mas também com os pratos do cardápio. Nada mais apropriado. Afinal, todo mundo sabe que música tem, sim, sabor.
Então a proposta aqui é encontrar a receita que melhor pode harmonizar com algumas obras do nosso catálogo.
Começamos com o sabor envolvente da instrumental “Com curry, por favor”, composição de Bernardo Bosisio, do Paraphernalia. Para acompanhar, como não poderia deixar de ser, um frango ao curry. Isso porque a citara indiana que conduz a melodia e o ritmo apimentado remetem imediatamente ao tempero do país milenar.
Composição de Affonsinho, “Enfeitiçado” lista ingredientes afetivos que, juntos no caldeirão, vão resultar em um “amor perfeito”. Portanto, nada melhor do que harmonizar com uma saborosa sopa, daquelas que aquecem tudo por dentro. Pode ser receita de família, que passa de geração em geração e tem jeito de coisa única. É intencionalmente simples, mas com um sabor insuperável.
Para “Zuccherino Dolce”, de Raphael Gualazzi, a receita é de caipirinha e não só porque o drink brasileiro está citado na música. Qual seria o resultado, por exemplo, da mistura entre cachaça, limão siciliano, açúcar e bastante gelo? Certamente algo que vai refrescar o ritmo acelerado e a sonoridade quente desta música que tem cara de verão – do Brasil ou da Itália, você escolhe.
“Não dê comida para os seus medos / E dê farinha para sua fé”. Prato Cheio, de Ana Clara Horta, Gabriel Pondé, João Bernardo e Miguel Jorge, tem sabor de conselho de amigo(a). Aqui a receita pode ser qualquer uma desde que seja preparada com carinho – de preferência por muitas mãos – e servida em casa para reunir todo mundo ao redor da mesa. O importante é compartilhar a música, a comida e bons momentos perto de quem se gosta.
Uma salada de frutas cítricas é boa para acompanhar não apenas “Morangos Silvestres”, mas praticamente todo o repertório do Brasov. Salada por causa da instigante mistura de referências e cítrica porque foge de uma produção açucarada demais. A música é ácida no melhor sentido da palavra. Até começa doce na melodia e nos timbres – sem ser enjoativa, claro. Mas, em seguida, revela-se o azedinho gostoso que caracteriza a produção da banda com o coro militar ao estilo russo e a letra que fala de saudade e talvez solidão, como no filme homônimo de Igmar Bergman.
“Melodia doce”, “ritmo com tempero”, “som delicioso”. Muitas vezes recorremos ao universo culinário para descrever certas composições e tudo casa perfeitamente. De certa maneira, o que a Editora Dubas faz é isso mesmo: ajuda você a encontrar a música que vai harmonizar perfeitamente com o seu projeto.