Fundador do grupo Uakti, Marco Antônio Guimarães é um criador musical em todos os sentidos e dimensões do termo.
Nascido em Belo Horizonte, o compositor, arranjador, construtor de instrumentos e violoncelista viveu a fase mais decisiva de sua formação profissional em Salvador. A partir de meados da década de 1960, estudou regência na Universidade Federal da Bahia, onde teve contato com dois músicos que o influenciaram de maneira definitiva: Walter Smetak e Ernst Widmer. As pesquisas sonoras empreendidas por Smetak o estimularam a pensar música para além da música e se traduziriam mais tarde em impulso para – assim como o mestre – construir instrumentos não-convencionais. Widmer, por sua vez, considerado pelo próprio Marco Antônio Guimarães sua principal influência no processo de criação musical, o ajudou a desenvolver seu apurado senso a respeito das formas folclóricas de expressão musical no Brasil em diálogo com a música erudita.
Em seguida, Guimarães atuou durante 15 anos como violoncelista em orquestras sinfônicas de Minas Gerais e São Paulo. Neste período, começou a construir seus famosos instrumentos musicais a partir de materiais como tubos de PVC, copinhos de iogurte, borracha, pedras, madeiras diversas e lâminas de vidro. Em 1978, criou o grupo Uakti junto com os percussionistas Paulo Sérgio Santos e Décio Ramos, e o flautista Artur Andrés Ribeiro, músicos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais à época, desenvolvendo assim as técnicas de execução de seus instrumentos peculiares. Desde a primeira apresentação pública em 1980 até o encerramento do grupo em 2016, foram 14 discos gravados e um DVD.
Além do trabalho singular como arranjador (tanto para apresentações e discos do Uakti, quanto em colaboração com outros artistas), Marco Antônio Guimarães se notabilizou como autor de músicas para espetáculos de dança e trilhas sonoras de obras audiovisuais. São cinco balés para o Grupo Corpo: Uakti (1988), 21 (1992), Sete ou oito peças para um ballet – com Philip Glass (1994), Bach (1996) e Dança Sinfônica (2015). No cinema, destacam-se as trilhas sonoras para Outras Estórias (Pedro Bial, 2000), para Lavoura Arcaica (Luiz Fernando Carvalho, 2001) – premiada nos festivais de Brasília, de Havana e de Cartagena -, e para Ensaio Sobre a Cegueira (Fernando Meirelles, 2008).
Alguns destes trabalhos foram gravados em disco e compõem sua discografia solo: Cirandas (2001), Bach/Vivaldi – Criação Livre (2001), Baticum (2002), Lavoura Arcaica – Trilha Original (2002), A Pedra do Reino – Trilha Original (2008), Dança Sinfônica – Trilha Original para o Grupo Corpo (2015)