Ronaldo Bastos é um compositor capaz de passear por diferentes universos artísticos e inventar novidades em todos eles.

Tendo abordado os mais variados temas – do romance à crítica social, do mundo pop à preservação da natureza –, sua obra agrega os gêneros formadores da canção brasileira e engloba outros mais. É poética e esteticamente diversa, sem jamais deixar de ser simples, sofisticada e popular, como ensinou Caymmi.

Nascido em Niterói (RJ) e fascinado pelos grandes sambistas do Rio de Janeiro, Ronaldo Bastos Ribeiro era menino ainda quando fugia da escola para visitar a casa de Heitor dos Prazeres. Inspirado no célebre compositor e pintor carioca, escreveu com amigos de colégio suas primeiras marchinhas de carnaval. No fim da década de 1960, compôs “Três Pontas” ao lado de Milton Nascimento, dando início a uma criativa parceria, que renderia clássicos como “Fé Cega, Faca Amolada”, “Nada Será Como Antes” e “Cravo e Canela”. Gravada originalmente no hoje clássico álbum “Travessia” (1967), a música inspirou o nome da editora que Ronaldo fundou com seu sócio Fernando Brant em 1975.

Sua obra conta com mais de trezentas canções, tendo como parceiros além de Milton Nascimento, Antônio Carlos Jobim, Paulo Jobim, Toninho Horta, Caetano Veloso, Edu Lobo, Flávio Venturini, Lô Borges, Beto Guedes, Johnny Alf, João Donato, Lulu Santos, Ed Motta, entre outros. Suas canções mereceram vozes famosas como as de Elis Regina, Sarah Vaughan, Nana Caymmi, Gal Costa, Maria Bethânia, e foram cantadas também por seus parceiros. Autor dos versos em português para “Lately” e “Till There Was You”, é considerado um dos grandes versionistas brasileiros.

Como produtor, foi premiado diversas vezes por seu trabalho em discos, alguns deles clássicos, como “Minas” (1975) e “Gerais” (1976) de Milton Nascimento, “Recado” de Gonzaguinha (1978), “Sol de Primavera” (1979) de Beto Guedes e “Nana Caymmi” de Nana Caymmi (1981).

Sem abandonar a carreira de letrista, fundou o selo Dubas em 1994, com o lançamento de seu disco de parcerias com Celso Fonseca, “Sorte”. O disco foi o primeiro de uma trilogia, seguido por “Paradiso” e “Juventude/Slow Motion Bossa Nova”, este último indicado ao Grammy Latino em 2002. Também pela Dubas relançou o disco “Cais”, com gravações originais para canções de sua autoria. Em 2011, “Liebe Paradiso” apresentou uma releitura moderna de “Paradiso”, o segundo da trilogia com Celso Fonseca, e se tornou um dos discos recentes mais cultuados pela crítica especializada. Assim como “Pedras Que Rolam, Objetos Luminosos” (2015), no qual a cantora Jussara Silveira interpreta algumas pérolas da obra conjunta de Beto Guedes e Ronaldo Bastos.

Em parceria com o produtor Leonel Pereda, introduziu no mercado um novo conceito de compilações de música brasileira com as séries Bossa Nova Lounge, Revisitados, Colecionave e Tropique Samba Lounge, que mostram que como produtor fonográfico, Ronaldo mantém o estilo moderno e inovador pelo qual sempre se destacou no cancioneiro popular e no universo do disco no Brasil.