Férias Em Videotape

Eu vou jogar um tango
Na sua cara de bolero comedido
No seu nariz de rock’n’roll arrependido
No seu olhar de samba-reggae industrial
Vou esfregar um tango
No seu jeitinho serenata de encomenda
No seu estilo hip-hop da fazenda
No seu appeal de rap instrumental
E o meu tango imprimirá marcas e arranhos indeléveis
Nesse seu quê de carimbó de Hollywood
Nesse seu ar de bossa nova do sertão
E o meu tango incrustará largas e profundas cicatrizes
No seu sorriso de ciranda pau-no-gato
No seu império pop liquidação
Eu vou jogar um tango
Na sua cara de bolero comedido
No seu nariz de rock’n’roll arrependido
No seu molejo de merengue japonês
No seu balanço de reggae-roots burguês
Nesse seu blues sem álcool, nem solidão
Nesse seu samba sem luar, sem violão

Essa mulher quando cola na pele do cara
Dispara uma coisa que não para
Fere uma ferida que não cura, não sara
Essa mulher quando tá na fissura do cara
Fica a mil por hora, fica de cara
Essa mulher cai de quatro, escancara
E eu viro fera, viro arara, viro louco da cara
Viro fera, viro arara, viro louco da cara
Viro fera, viro arara, o puto da cara
Arara
Essa mulher quando tá na fissura do cara
Fica a mil por hora, fica de cara
Essa mulher escancara, pede esmola
Essa mulher quando esfola o couro do cara
Esfola com gosto como o cara gosta
Essa mulher quando encosta dá desgosto

As coisas que eu via no céu
Faziam teu olho brilhar
Estrelas, sonhos, eu e você
E era o meu jeito de amar
E era o meu jeito de errar
Cada vez mais e melhor
Por isso, por mais que anoiteça
Meu bem, não perca a cabeça
Pra esse mundo não ser tão brutal
E não te ter faz te amar muito mais

Você parece que não sei
Diz tanta coisa que eu vou te contar
Olha pensando bem cala-te boca
E tum e tal e coisa e lousa
Sempre a mesma lenga-lenga
A mesma transa o mesmo tchans
E záz e trás tá louco fica só naquela
E fica nessa sei lá maior comédia
O que que é isso logo pra cima de moi
Tô por aqui ó sai fora disso
Parece que bebe parece que sei lá

Vestiu uma camisa listada e saiu por aí
Em vez de tomar chá com torrada ele bebeu parati
Levava um canivete no cinto e um pandeiro na mão
E sorria quando o povo dizia: sossega leão, sossega leão
Tirou o anel de doutor pra não dar o que falar
E saiu dizendo eu quero mamar
Mamãe eu quero mamar, mamãe eu quero mamar
Levava um canivete no cinto e um pandeiro na mão
E sorria quando o povo dizia ‘sossega leão, sossega leão’
Levou meu saco de água quente pra fazer chupeta
Rompeu minha cortina de veludo pra fazer uma saia
Abriu o guarda-roupas e arrancou minha combinação
E até do cabo de vassoura ele fez o estandarte pro seu cordão
Agora que a batucada já vai começando
Não deixo e não consinto o meu querido debochar de mim
Porque ele pega as minhas coisas e vai dar o que falar
Se fantasia de Antonieta e vai dançar no Bola Preta até o sol raiar

Diz-se que um cara só preza o que vai perder
E do que sobra faz verso pra poder comer
Fetiches, garças, imagens, você não sacou
Cosmos, Caracas, Bancok, mas lóki eu não sou
Já enchi a cara de cerveja mas você não pintou
Mergulhei no Sena, dei bandeira mas você nem notou
Já subi a Penha de joelhos mas você não mudou
Já enchi um saco de conselhos mas você não sacou
Sobre a terra devastada um sol sem calor
Luz no deserto que a boca de um santo calou
Anjos que roubam galáxias ao seu criador
Ana que toca guitarra no Circo Voador
Olhos da vaca no cio, você não sacou
Sobras de Sintra na tinta do retrovisor
Sexo que acorda Lisboas em tudo que eu sou
Highways deslocam e pulsam beleza e pavor
Era uma zona de mistério entre o sublime e o terror
Era o fantasma de Picasso no buraco do metrô
Melting pot estou tão só Sticky Fingers Whisky À Go Go
Era o casamento de Pessoa com a loucura de Rimbaud

We live on a mountain
Right at the top
There’s a beautiful view
From the top of the mountain
Every morning I walk towards the edge
And throw little things off
Like car-parts, bottles and cutlery
Or whatever I find lying around
It becomes a habit
A way to start the day
I go through all this
Before you wake up
So I can feel happier
To be safe up here with you
It’s real early morning
No-one is awake
I’m back at my cliff
Still throwing things off
I listen to the sounds they make
On their way down
I follow with my eyes ‘till they crash
Imagine what my body would sound like
Slamming against those rocks
And when it lands
Will my eyes be closed or open?

Dei um beijo na boca do medo e saí por aí
Pela noite tão longa
Passei por terreiros iluminados
Na rodoviária meu mundo caiu
Peguei na mala uma meia
Vai fazer frio, vai fazer frio
Falei pro cara sentado ao meu lado
Eu hoje não sofro mais, eu vivo caindo fora
Sonhei com a fortuna nas rodas do carro
O pai debaixo das asas da saia da grande mãe
Eu não tenho casa, eu não tenho grana
Os anjos me fazem mal, me fazem mal
Eu sei que o medo é uma droga pesada
E na porta do céu eles pesam as almas dos mortos
Só me interessam correntes de ar quente
E o que sente um golfinho nas grandes rotas do mar
Eu não tenho casa, eu não tenho grana
Vai fazer frio, vai fazer frio
para a inesquecível cantora Rosa, a “Rosalinda” (in memorian)

Por favor, chegue cedo
E abra a porta devagar
Devagar, devagar
Cante uma canção lenta
Lenta, lenta, lenta, lenta
Ou ligue o rádio baixo
Baixo, baixo
Deite ao meu lado calmamente
Mente, mente, mente, mente
E me aperte furiosamente
Mente, mente, mente, mente
E me deixe alto
Alto, alto

Daí eu te prometo
Prometo, sim
Te deixar
Mole, mole

He left no time to regret,
Kept his dick wet,
With his same old safe bet,
Me and my head high,
And my tears dry,
Get on without my guy
You went back to what you knew,
So far removed from all that we went through,
And I tread a troubled track,
My odds are stacked,
I’ll go back to black.
We only said goodbye with words,
I died a hundred times,
You go back to her,
And I go back to us,
I love you much,
It’s not enough,
You love blow and I love puff,
And life is like a pipe,
And I’m a tiny penny rolling up the walls inside.
We only said goodbye with words,
I died a hundred times,
You go back to her,
And I go back to black

Tá empezando lo velorio
que le hacemo’ a Babalu
Dame diecisiete velas
pa’ ponerla’ en cruz
Dame un cabo de tabaco, mañiengue
y un jarrrito de aguardiente
Dame un poco de dinero, mañiengue
pa’ que me de la suerte
Yo quero pedir
que mi negro me quiera,
Que tenga dinero
y que no se muera
Yo le quero pedir a Babalu
Un negrito muy santo, como tú
Que no tenga otra negra
pa’ que no se fuera!

Eu vi na televisão o mar
O mar na televisão é lindo
Eu vi na televisão a bela visão do mar
O mar na televisão
O mar
Eu vi na televisão a tele-visão do mar
Eu viajava
Eu viajava
E cantava na beira do mar
E sonhava na beira do mar
E chorava, e chorava