Liebe Paradiso

O que a vida perguntar
Deixa a vida responder
Tolo é quem não quer acreditar
O chamado da paixão
O que alegra o coração
O que a rima tem de mais vulgar
Venha ser meu paraíso
Artifícios furta-cor
Tudo aquilo que eu preciso
É você e um céu azul
Céu azul de quem surfar
Vem na onda azul do mar
Solta o ar e prende o fôlego
O que eu chamo ilusão
Outros chamam solidão
O que a rima tem de mais vulgar

GESANG DER GEISTER ÜBER
DEN WASSERN
(Johann Wolfgang von Goethe)
Des Menschen Seele
Gleicht dem Wasser:
Vom Himmel kommt es,
Zum Himmel steigt es,
Und wieder nieder
Zur Erde muß es,
Ewig wechselnd.

Strömt von der hohen,
Steilen Felswand
Der reine Strahl,
Dann stäubt er lieblich
In Wolkenwellen
Zum glatten Fels,
Und leicht empfangen
Wallt er verschleiernd,
Leisrauschend
Zur Tiefe nieder.

Ragen Klippen
Dem Sturz entgegen,
Schäumt er unmutig
Stufenweise
Zum Abgrund.
Im fl achen Bette
Schleicht er das Wiesental hin,
Und in dem glatten See
Weiden ihr Antlitz
Alle Gestirne.
Wind ist der Welle
Lieblicher Buhler;
Wind mischt vom Grund aus
Schäumende Wogen.
Seele des Menschen,
Wie gleichst du dem Wasser!
Schicksal des Menschen,
Wie gleichst du dem Wind!

CANTO DO ESPÍRITO SOBRE
AS ÁGUAS
A alma do homem
É qual a água:
Do céu cai,
Ao céu sobe,
E novamente
Quer descer à terra,
Em perene mudança.
Corre do alto
Rochedo abaixo
O límpido sulco,
Em fulgurante
Poeira de cintilâncias
Desce a pedra lisa
E mansamente
Vai, tudo cobrindo,
Num tênue sussurro,
Rumo às profundezas.
Surgem penhascos
Difi cultando a queda,
Espumante de raiva,
Vence os degraus,
Quer o abismo.
No leito estriado
Desliza pela verde ravina,
E no lago do sossego
Deleitam-se os rostos
De todos os astros.
Das ondas,
O vento é o belo amante;
Revolvendo em seu bojo
A espuma branca.
Alma do homem,
És como a água!
Destino do homem,
És como o vento!

Dorme, tudo dorme
Sobre o mundo cai o véu
Veste o infi nito
Véu da noite, cai do céu
Se outro alguém te lembrar de nós dois
Não diz pra esse alguém
O que passou e fi cou pra depois
Seja o que for
Além de mim
Ninguém
Assim
Sonha, tudo sonha
O universo vai ao léu
Verso do meu sonho
Flor da noite, carrossel

Madrugou, fez a cama
Quem do amor que te ama
Madrugou, chuvarada
Escorreu pela estrada
Candeeiro apagou toda luz que restou
Foi milagre de amor, foi perfume de fl or
Foi na cama
Sou feliz, mas que nada
Chão de giz, passarada
Escorreu pela estrada
Eu, você, madrugada

Sombra da mangueira
Esconde o sol
E a folha cai
Quanto tempo faz?
Quanto sonho a mais?
Quanto tempo o tempo traz?

Construí canais estradas viadutos ferrovias funiculares
pontes túneis até o palácio;
depois, áditos pórticos limiares entradas umbrais aléias
ânditos elevadores passagens escadas ombreiras travessas
portas corredores servidões rampas porteiras vielas
passadouros escadarias portões arcadas soleiras portelas
caminhos galerias sendas portais veredas cancelas

Diz-se que um cara só preza o que vai perder
E do que sobra faz verso pra poder comer
Fetiches, garças, imagens, você não sacou
Cosmos, Caracas, Bangkok mas loki eu não sou
Já enchi a cara de cerveja mas você não pintou
Mergulhei no Sena, dei bandeira mas você nem notou
Já subi a Penha de joelhos mas você não mudou
Já enchi um saco de conselhos mas você não sacou
Sobre a terra devastada um sol sem calor
Luz no deserto que a boca de um santo calou
Anjos que roubam galáxias ao seu criador
Ana que toca guitarra no Circo Voador
Olhos da vaca no cio, você não sacou
Sobras de Sintra na tinta do retrovisor
Sexo que acorda Lisboas em tudo que eu sou
Highways deslocam e pulsam beleza e pavor
Era uma zona de mistério entre o sublime e o terror
Era o fantasma de Picasso num buraco do metrô
Melting pot estou tão só Sticky Fingers Whisky À Go-Go
Era o casamento de Pessoa com a loucura de Rimbaud

Versos de amor são blues
Pedras vão rolar
Não se traduz
A luz do sol no mar
Bares em Istambul
Céu de outro lugar
Out of the blue
Eu resolvi cantar
Alguem que me enfeitiçou
Um resto de adeus no olhar
Vestígios da cor azul
No colo de Iemanjá
Out of the blues
Out of the blue
Flashes de Amsterdam
Em iorubá
Dois corpos nus
Aos pés dos orixás
Fontes que o amor secou
E as que fez brotar
Out of the blue
Eu resolvi cantar

Todo domingo ela vai pro mar
Leva um segredo e um maiô lilás
De manhã cedo ela vai pro mar
Leva a certeza que tanto faz
Leva um sorriso em desalinho
Tem o destino que o amor levar
Leva meus olhos pelo caminho
Todo domingo ela vai pro mar
Cega meus olhos e vai pro mar
Mar de turquesa e maiô lilás
Se for bem cedo e o amor chegar
Tem a certeza que tanto faz

Vou te escrever pra falar de New York
Não vim aqui esperar pelo fi m do mundo
Estou feliz no postal de New York
E tudo mais é a saudade cortando fundo
Quando acordo lá pras três da madrugada
Sinto um anjo vir rondar meu cobertor
Colo a boca sobre a pele da vidraça
Sinto as mutações do tempo a meu favor
Não sou ninguém sem você em Liverpool
Ou numa ilha dos mares do sul
Olho o relógio e as horas não passam por mim
No cartão-postal o tempo estacionou
Parou seu carro no drive-in
Pra nós o tempo não passou

Denise Bandeira é dez
Denise é puro cinema
Em todos os seus papéis
Denise não tem problema
Denise sabe o que é bom
Denise sabe o que faz
Denise é de bom tom
Bandeira não leva nem traz
Bandeira pouca é bobagem
Denise Bandeira é cultura
Denise é soberana
Denise em movimento
Denise Bandeira parada
Denise Bandeira é linda
Denise é primavera
Denise no fl iperama de madrugada
Denise devia ter mais grana
Denise Bandeira dez
Denise Bandeira cem
Denise Bandeira dez
Denise Bandeira do bem
Denise Bandeira é Godard
Denise não estar na mídia
Não tem a menor importância
Denise ama seus amigos
Denise, je vous salue
Me inspiro na tua elegância
Denise merece um samba
Onde a arte imita a vida
E a vida imita a arte
Andando na corda bamba

Vazia a casa por dentro, em volta nada
Vazio o Baixo, a noite e o cobertor
Não fico triste inutilmente

Pensando que o encantamento entre nós acabou
Procuro por mim em volta e não acho nada
Gravado na tela do seu novo computador
Se paro meu olho na tela meu olho reclama
Da trama que envolve a paisagem noir do Leblon
Me desculpe a pressa mas a madrugada me chamou
Do meu canto eu prego a palavra que não se falou
Me desculpe a pressa mas a madrugada me chamou
Só não vou na festa porque me interessa o seu amor
A gente tem quase tudo pra não dar certo
Mas quando estou perto o deserto se mostra maior
Se vejo asteróides eu penso que pode ser vento
Desejo que o vento me leve pro mundo melhor

Eu quero que tudo entre nós seja verão eterno
E dure no inverno o que dura o perfume da fl or
Disparo outra vez polaróides, o tempo dispara
E a noite revela que o tempo da noite acabou

Alma de Pierrô
Quem me vê assim
Não vê a tristeza marcando a cadência
Com seu tamborim
Mais do que ninguém
Implorei a Deus
Que a alegria vestisse meus dias
Com seu arlequim
Eu me preparava pra ver a Mangueira passar
Estação Primeira, foi lá que eu fi z meu lugar
Vindo com a minha escola a sorte sorriu afi nal
Encontrei meu grande amor no Carnaval
Dessa vez não é
Chuva de verão
Chega a Quarta-Feira, renasce das cinzas
Só pensa em sambar
E foi só por causa do amor
Que na minha vida faz sol
Apontou saída pra quem não sabia
Viver sem chorar

A thing of beauty is a joy for ever
Its loveliness increases
it will never pass into nothingness
But still will keep a bower quiet for us
And a sleep full of sweet dreams
And health, and quiet breathing

A thing of beauty is a joy for ever
Juventude, joie de vivre
Alegria de viver