Em meados da década de 1970, a carreira solo de Geraldo Azevedo começava a todo vapor. Seus primeiros discos revelavam canções capazes de unir estéticas variadas, do rock’n’roll aos gêneros tradicionais nordestinos. Na safra daquela época, surgiu uma melodia inspirada no disco triplo All Things Must Pass (1970) – o primeiro de George Harrison após a separação dos Beatles -, que Geraldo ouvia com frequência. Ao conhecer a composição, Renato Rocha, também um jovem músico em ascensão no cenário cultural do Rio de Janeiro, encaixou os primeiros versos da letra no ato. Tudo indicava então que surgiria rapidamente uma das primeiras parcerias entre eles. Mas a empolgação inicial deu lugar ao trabalho duro: faltava compor a segunda parte. Durante mais de dois anos, a dupla passou dias e noites em claro até chegar ao resultado desejado. Em 1979, nasceu “Dia Branco”, que, lançada originalmente no disco “Frevo Mulher”, de Amelinha, completa 40 anos em 2019.

Renato Rocha e Geraldo Azevedo assinam juntos dezenas de composições, entre as quais, sucessos como “Inclinações Musicais” e “Bicho de Sete Cabeças” (com Zé Ramalho). Nenhuma delas, no entanto, recebeu tantas interpretações quanto “Dia Branco”.  As diferentes gravações que a música teve ao longo destes 40 anos dão uma dimensão de sua importância. São olhares variados que revelam um pouco do espírito de cada época e demonstram a versatilidade da canção, adaptada às escolhas estéticas dos respectivos artistas. Mais do que isso, permitem que públicos diversos se emocionem com a beleza desta composição. Confira a seguir algumas das gravações mais emblemáticas.

 

Gravações

“Dia Branco” foi originalmente apresentada ao público pelo canto envolvente de Amelinha, no LP Frevo Mulher, de 1979. Pontuada por solos de guitarra, a gravação tem o jeito roqueiro marcante da geração de músicos nordestinos que dominaram o cenário artístico brasileiro na época.

 

Em 1981, Geraldo Azevedo fez o seu primeiro registro da canção, no LP “Inclinações Musicais”, que tem Direção Musical do parceiro Renato Rocha. A versão se tornou uma das mais conhecidas.

 

Demonstrando sua vocação para a eternidade, “Dia Branco” continuou relevante durante a década de 1990. Das inúmeras gravações daquele período, merece destaque a versão da grande cantora Maria Creuza no álbum Todo Sentimento (1991). A faixa é um pot-pourri com outras duas composições de Geraldo Azevedo: “Dona da Minha Cabeça” (em parceria com Fausto Nilo) e “Moça Bonita” (em parceria com o poeta Capinam).

 

Como não poderia deixar de ser, “Dia Branco” foi incluída no repertório do show O Grande Encontro (1996), que reuniu Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Alceu Valença e Elba Ramalho. A partir daí, passou a fazer parte de todas as reedições e também das apresentações solo de Elba.

 

Com um arranjo inovador criado pelo grupo Vermelho 27 (sob a alcunha de The Sconhecidos), a canção também fez parte da trilha-sonora do filme “A Máquina – o amor é combustível” (2003).

 

                                             

Cada uma a sua maneira, duas versões ao vivo marcaram época no início dos anos 2000. Enquanto a brilhante interpretação de Simone (2005) ressalta o romantismo da canção, Daniela Mercury (2006) desvenda um lado festivo pouco perceptível, mas que sempre esteve implícito para os fãs de “Dia Branco”. Basta clicar nas capas para ouvir.

 

Sem contar artistas que já tinham gravado a canção em algum momento anterior, a versão mais recente é a da banda paulistana 5 a Seco, incluída no CD Toda Cor (2014), no qual artistas de diferentes gerações recriam clássicos e hits da música brasileira. O projeto se insere no contexto do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência e visa a promover a tolerância e a diversidade.

 

“Dia Branco” é, mais que tudo, uma canção para ser entoada a plenos pulmões. Para você cantar junto, selecionamos abaixo covers e versões ao vivo não lançadas em disco.

 

 

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