Sempre dura na queda, Elza Soares vem caindo e levantando artisticamente ao longo dos 60 anos de carreira fonográfica iniciada em 1958 com a gravação de disco de 78 rotações por minuto com duas músicas do cantor e compositor Moreira da Silva (1902 – 2000).
O atual renascimento artístico da cantora carioca aconteceu há três anos com a edição do álbum A mulher do fim do mundo (2015) e vem perdurando desde então graças a um eficiente gerenciamento da carreira da artista.
Antes dessa nova fase áurea, Elza saboreou fase de renascimento há 16 anos com o lançamento de um dos melhores álbuns da trajetória fonográfica da cantora, Do cóccix até o pescoço, lançado em 2002 pelo selo baiano Maianga Discos quando Elza amargava fase morosa na carreira.
Produzido por Alê Siqueira sob a direção artística de José Miguel Wisnik, o álbum Do cóccix até o pescoço está sendo relançado pelo selo carioca Dubas e está disponível nas plataformas digitais a partir de hoje, 24 de agosto de 2018.
Neste disco, a cantora regravou A carne (Seu Jorge, Marcelo Yuka e Wilson Cappellette, 1998) – música lançada pelo efêmero grupo Farofa Carioca da qual Elza se apropriou desde então – e registrou o samba Dura na queda, composto por Chico Buarque em 1999 para musical de teatro que contou a vida da cantora.
Duas outras músicas sobressaíram no repertório desse primoroso disco. Dor de cotovelo foi canção dada a Elza por Caetano Veloso, cantor e compositor que havia sido responsável por renascimento anterior da artista em 1984 quando convidou a então esquecida Elza para participar da gravação original do samba-rap Língua (Caetano Veloso).
Já Fadas era choro que o compositor Luiz Melodia (1951 – 2017) havia lançado em 1978 e que foi recriado por Elza no (com)passo do tango em gravação primorosa.
Enfim, para a geração que conheceu Elza Soares a partir do disco A mulher do fim do mundo, a reedição do álbum Do cóccix até o pescoço é oportuna para mostrar que, embora nem sempre tenha tido o devido reconhecimento atual, a mulata sempre foi a tal.