Hinos são formas musicais de expressar o que valorizamos coletivamente. Eles têm, portanto, o poder de unir as pessoas e despertar paixões. Hinos foram feitos para serem entoados a muitas vozes. Podem até ser criações individuais (quase sempre são), mas precisam da aclamação popular para despertar o fator de identificação imediata que os caracteriza. Certas canções traduzem tão bem o que todos sentem ou gostariam de dizer sobre algo que se tornaram hinos não-oficiais (ainda!). É o que acontece com algumas obras do catálogo da Editora Dubas. Confira na playlist abaixo.

 

Canção da América | Hino à amizade

A composição de Fernando Brant e Milton Nascimento é uma das mais bonitas maneiras de abordar a amizade. Originalmente composta em inglês, trata-se de uma homenagem de Milton ao músico sul-africano Ricky Fataar. Ao ter contato com a composição, que ficou conhecida sob o título “Unencounter”, Fernando Brant verteu a letra para o português, descrevendo a amizade na sua melhor versão: aquela que sente falta, mas percebe que nem a distância é capaz de diminuir sua intensidade e cumplicidade. Um hino arrebatador logo de cara. Os versos “Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves / Dentro do coração”, fortes e diretos, são tão conhecidos e admirados que praticamente se tornaram ditado popular entre nós brasileiros.

 

Nel Blu Dipinto Di Blu (Volare) | Hino internacional à alegria de viver

Mesmo quem não compreende a letra de “Nel Blu Dipinto Di Blu”, imagina a que a canção se refere. Mesmo quem não sabe exatamente a que a canção se refere, sente vontade de cantar junto a plenos pulmões toda vez que ouve o refrão. Existe na composição de Domenico Modugno e Franco Migliacci uma energia contagiante, uma alegria de viver. A letra, um tanto surreal, descreve um sonho em que o personagem se pinta de azul e, carregado pelo vento, voa no “céu infinito”. A alegria de ser livre por voar é comparada à alegria do amor correspondido na medida em que o azul do céu se transforma nos olhos azuis da pessoa amada. Obviamente identificada com a cultura italiana, a sensação de alegria que a música transmite é também universal. Não à toa, “Volare” é sucesso em diversas línguas, incluindo alemão, holandês e russo. Outra prova dessa universalidade é que esta é a única música de língua não-inglesa a ganhar um Grammy até hoje.

 

O Sal da Terra | Hino Ecológico

Uma canção que clama, de forma poética e convicta, pelo entendimento coletivo em favor da conservação ambiental. “Um mais um é sempre mais que dois”. Beto Guedes e Ronaldo Bastos têm uma obra conjunta bastante identificada com os temas da terra, da natureza, com a valorização do que precisa ser preservado. “Sol de Primavera”, “Amor de Índio” e “Rio Doce” são alguns exemplos dentre muitos outros. Objetiva como poucas canções conseguem ser, “O Sal da Terra” desponta neste repertório como um chamado vigoroso à ação – “anda”, assim no imperativo, é a primeira palavra da canção. Tudo na música tem um jeito combativo e apaixonado, característica comum aos hinos mais memoráveis.

 

Aquarela | Hino à infância e à educação

Muitos brasileiros de hoje ouviram esta música pela primeira vez quando ainda arriscavam os primeiros traços e certamente ficaram encantados com ela. Criatividade, engenho, técnica, imaginação, perseverança, capacidade de improviso… Enquanto descreve em primeira pessoa o ato de produzir cores e formas com papel e tinta, a letra de “Aquarela” aborda aspectos que deveriam estar presentes no desenvolvimento educacional de toda criança. E tudo soa natural como uma grande brincadeira. Composta na década de 1980 por Toquinho, Vinicius de Moraes, M. Fabrizio e G. Morra, a música ainda tem o mérito de propor em linguagem lúdica o cuidado para, apesar das incertezas, tentar construir agora e constantemente o futuro que queremos.

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