Em julho de 2018, a Dubas lançou o EP Mais Que Mar, de Eleonora Falcone. Formado por poemas de Lúcio Lins musicados e cantados por Falcone, o EP homenageia o poeta paraibano e amplia os horizontes da música nordestina ao mergulhar profundamente em suas origens. Convidamos a cantora e compositora a navegar pelo processo criativo em torno das seis composições. Cenas do clipe de Sanhauá ilustram a descrição de cada faixa. Clique nos títulos das músicas para ouvi-las.

1 –Sanhauá tem um significado muito especial pra mim. Foi o primeiro dos seis poemas a ser musicado. Lembro da noite em que estava na cama, lendo os poemas de Lúcio, e me deparei com Sanhauá. Li uma vez, e na segunda já reli cantando. Gravei a melodia no celular e no outro dia a harmonizei ao piano. Fiquei muito feliz e emocionada com o resultado, que entendi como um sinal de que tinha encontrado o caminho que procurava.
Foi nas margens do rio Sanhauá que nasceu a cidade de João Pessoa, e quem, como Lúcio e eu, é pessoense, sabe do significado que ele tem pra gente. Foi de Sanhauá que extraí o título do EP, Mais Que Mar. O arranjo me faz sentir a correnteza do rio me levando inevitavelmente pro mar.

2 – Vestindo o Poema é a segunda faixa do EP e também o segundo poema a ser musicado por mim. Desta vez o processo foi diferente. Lembro de estar sentada ao piano, e ao ler o poema, a melodia veio junto com a ideia de uma bandinha de circo. O arranjo é muito fiel à ideia original, e o poema me remete ao universo circense. “Meu exercício de voar é pousar na imaginação…”

 

 

3 – Poeta é um poema tão curto quanto profundo, e trata, ao meu ver, de libertação. Tentei arranjá-la de diversas formas, mas insatisfeita, decidi gravar a capela. Gravei 5 vozes para escolher uma delas, mas ao ouvi-las separadamente, resolvi juntá-las pra “ver” o resultado. Achei interessante e percebi que havia encontrado a melhor forma pra obra.

 

 

4 – História Flutuante é um dos poemas mais conhecidos de Lúcio e sentia que minha responsabilidade em musicar algo tão significativo era muito grande. Diferente das outras vozes, a intenção desejada pra voz de História Flutuante foi encontrada após muitas tentativas. O acordeon e a alfaia representam, pra mim, o mar revolto e a tempestade. E meu grito final simboliza o náufrago.

 

 

5 – Compor Medo do Escuro foi um exercício muito interessante. O poema me fez seguir por cromatismos e me inspirar na música modal. O arranjo tomou outro rumo no estúdio

 

 

 

6 – O processo de composição de Dez Momento de Pedra  foi o mais demorado. Durou praticamente todo o tempo de ensaio e gravação, e foi um ótimo exercício de composição. Cada um dos 10 momentos tem sua particularidade, mas somados formam uma unidade, com inspiração na música modal nordestina.