“Isso é muito anos 80!” Dita tantas vezes nos dias de hoje, esta frase comprova que a efervescência cultural daquela década foi marcante e jamais será esquecida. Sabemos que os movimentos artísticos não contam os minutos no relógio para então sofrerem transformações. Além disso, sempre há continuidades dentro das rupturas e vice-versa. Por outro lado, relacionar certas tendências aos períodos em que surgiram é uma forma de redescobrir o pensamento geral de uma época. Por isso, aí vão 5 curiosidades sobre a (quase sempre) “chocante” música feita na década de 1980.
Músicas-chiclete
O termo só poderia ter surgido nesta década esperta. Trata-se de uma adaptação inspirada no inglês earworm (“verme de orelha”), que, por sua vez, é uma tradução livre do termo alemão ohrwurm. Músicas-chiclete certamente sempre existiram. Mas não há dúvidas de que as melodias fáceis e insistentes e os refrãos pegajosos ajudaram a tornar este efeito ainda mais frequente nos anos 80. Com o aumento da concorrência, tudo era feito para colar de primeira na cabeça do ouvinte. Coincidência ou não, o chiclete foi um dos ícones culturais mais marcantes daquela década no Brasil.
A música eletrônica
O incremento da tecnologia à disposição do mercado fonográfico apontou vários caminhos, entre eles a popularização da música eletrônica. O artifício, que antes estava mais vinculado a experimentalismos ou tinha apenas uma função complementar nos arranjos, começou a ganhar protagonismo com o desenvolvimento de novos sintetizadores e o surgimento dos primeiros samplers. Diante das maiores possibilidades em torno dos sons sintéticos, alguns apressados chegaram a profetizar o fim dos instrumentos convencionais. Na década de 80, surgiu a música eletrônica dançante criando aos poucos toda uma cultura de festas Rave e a ressignificação de um antigo personagem ligado ao universo radiofônico: o DJ (disc jockey).
O Hair Metal
Chamar atenção era fundamental naquele momento em que a mídia audiovisual se diversificava e passava a alcançar ainda mais gente. A década dos primeiros clipes musicais é marcada também pela consolidação da TV a cores e o início da TV por assinatura, por exemplo. O que fazer para se destacar neste mar imenso de produtos e informações? Uma resposta (ao mesmo tempo instintiva e programada) foi tornar-se colorido, vibrante e histriônico. Aliado a isso, nos anos 80 também se fortalece o recurso da segmentação de mercado. Basta dizer que inúmeras ramificações do Rock, gênero musical mais popular do mundo, surgiram ou se sedimentaram naquela época, do New Wave ao Trash Metal. O mais emblemático deles, sem dúvida, foi o Hair Metal (ou Glam Metal, ou Metal Farofa, ou Pop Metal, ou Sleaze Metal – até os subgêneros tinham muitos nomes) com direito a cabelos longos, maquiagens extravagantes e romantismo nas composições.
A década do rock e do punk no Brasil
O Rock nacional, apelidado de BRock, ganha formas definitivas na década de 1980 fortalecido pelo movimento punk e pelo New Wave que já tinham dado as caras no final da década anterior. O crescimento das cidades é um dos principais fatores para o desenvolvimento destes gêneros tão urbanos. Outro aspecto é o investimento das grandes gravadoras multinacionais. A esmagadora maioria dos discos mais vendidos da história foram lançados entre as décadas de 70 e 80, quase todos afinados com a cultura Rock and Roll e suas inúmeras vertentes. Isso estimulou uma guinada do gênero também em países latino-americanos. Por fim, o surgimento de estúdios, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, proporcionava a infraestrutura necessária tanto para as grandes bandas quanto para expressões da contracultura punk-roqueira.
Os vinis e suas capas
As capas dos discos lançados na década de 1980 traduzem em imagens as tendências culturais que surgiram ou se fortaleceram naquela época. O final dos anos 1970 é o momento em que o mercado fonográfico baseado na venda de discos alcança o seu auge mundial, assim como os complexos tecnológico e midiático integrados a ele. Mas já nos anos 1960 as capas passaram a ter uma grande importância de comunicação. Muito mais do que embalar o produto, elas deviam defini-lo conceitualmente e estimular a sua compra. Ao longo do tempo os designers foram se valendo destas duas funções para criar obras de arte inesquecíveis. Apesar da característica aproximação (corajosa e calculada) com o estilo kitsch, a produção dos anos 1980 apresenta uma grande diversidade de concepções. O blog CadêMeuWhiskey mostra alguns exemplos.